segunda-feira, 7 de abril de 2008

Esses devaneios insanos....

Esses devaneios insanos....

Algo estranho tem acontecido com minha mente de uns tempos pra cá.É como se estivesse em hiperatividade, nunca parasse.Como se fosse uma piscina borbulhante cheia de idéias dentro, e algumas vezes nesse fervor todo, essas idéias vêm a tona e começam a se desenvolver tomando um rumo próprio, ou pelo menos, subconsciente para mim.Talvez para que se entenda isso melhor, seja necessário citar que eu sou um pessoa que tem muito apreço pelas palavras, ou melhor, pelo domínio delas, na arte de criar histórias, sejam apenas pensadas ou escritas.Por volta dos 14 anos, desevolvi esse hábito vicioso de criar histórias mentais e dar desenvolvimento a elas, gradativamente.Como num livro, só que sem ser escrito.De fato algumas dessas histórias se tornaram contos ou fanfics passadas para o editor de texto, mas a maioria ou acabava morrendo pouco depois do ápice de seu enredo, ou simplesmente eram meros artifícios para não cair num estado tedioso.E de fato funciona.Hoje posso afirmar com toda certeza, de que meu maior 'brinquedo' é minha mente, pois a qualquer lugar que eu esteja, por mais tediosa que seja a situação, lá estarão as idéias borbulhando numa atividade incessante.
De acordo com a psicologia, esse é um fato comum em crianças, seres imaginativos que criam realidades próprias.Mas a questão é que isso se desenvolveu em mim depois da infância.Há alguns meses atrás, li um livro de Teoria Literária para um seminário da faculdade, que falava sobre Psicologia na Literatura e em tal obra eram citados diversos casos de escritores que tinham essa capacidade imaginativa tão apurada, que chegavam a agir como crianças, acreditando criar uma realidade própria onde suas falhas e fragilidades fossem compensadas.Afinal, o que são as crianças, senão pequenas mestras das palavras então?
A questão é que essa faculdade em minha mente tem atingido uma proporção estranha.Há um ano atrás, eu não tinha lapsos de concentração.Eu conseguia fixar minha atenção em qualquer coisa que fosse necessária, hoje, esses lapsos acontecem, fazendo minha atenção se desfocar do objetivo primário porque essas 'histórias' e 'idéias' agem como se tivessem vida própria, tomando conta do momento.
O mesmo acontece por várias vezes quando me deito para dormir...Minha mente, liberta de qualquer outro foco, viaja livre por essas histórias.E não são simples enredos criados do tipo "Agora aquele personagem poderia ir até lá e fazer isso".Cada uma dessas idéias envolve os próprios personagens, os próprios cenários, e principalmente a interação verbal e física dos atuantes.Até esse ponto, nada de estranho.Poderia acontecer com qualquer pessoa imaginativa.Porém, muitas vezes é como se minha mente se desligasse de todo o resto e esses personagens agissem por vida própria, e em minha cabeça vou criando situações que eu não quis criar.É como se o pensamento simplesmente viesse até ali, e se instalasse, sem necessariamente ter sido criado por mim.Como se o personagem tivesse sentido vontade se "levantar e fazer uma acusação" contra o outro envolvido na história, sem que eu propriamente o 'mandasse' fazer isso.
Exatamente como nos sonhos.Mas a diferença, é que estou muito bem acordada quando isso acontece.Isso não é como esquizofrenia, pois na esquizofrenia a pessoa perde o contato com sua própria realidade, criando um mundo imaginário.Diferente de escritores esquizofrênicos como Balzac, por exemplo, eu não tenho uma perda de contato com MINHA realidade, uma vez que quem vive nesse mundo imaginário são os personagens que crio.Tenho plena consciência de meu mundo.Porém, meu caso se aproxima mais do de Schiller, que dizia que muitas vezes seus personagens se apossavam se suas histórias, lhe dando um outro rumo.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Devaneios Oníricos

A cenário sob uma ótica obscura somada de um desespero crescente era o que atormentava aquele ser.Uma longa estrada rústica, com pedras e alguma vegetação nas beiradas, e a entrada para um pequeno vilarejo de aparência medieval.Elementos camponeses, ferramentas de plantação, poços de pedra, pequenas cabanas rudimentares espalhadas aleatoriamente que pareciam esconder a história de seus moradores.Ruelas entrecortando a pequena vilinha, ligando uma casa à outra, cujo suporte é apenas um chão de pedras e terra batida.Um estábulo.Algumas construções maiores, de pedra, com portões de aço e pontudas lanças.Todo cenário visto de forma não clara, por aqueles olhos obscurecidos.Tornava-se uma agonia.Por mais que tentasse visualizar tais imagens de maneira clara, via tudo desfocadamente, como se seus olhos, sensíveis, tivessem sido afetados pelo sol que brilhara algumas horas antes.
Um vulto negro.Alguém correndo por aquelas pequenas vielas, chamara sua atenção, e de algum modo, intimamente dentro de si, ela sabia que tinha que encontrar aquela pessoa, como se uma força, maior do que sua vontade ou do que si mesma, lhe impulsionasse a tal tarefa.Pôs-se a correr quase cegamente pelas vielas daquele cenário camponês-medieval, sem a certeza exata de para onde estaria indo, mas apenas com uma força inexplicável que lhe dizia que era necessário encontrar aquela pessoa.O vulto lhe fugia, escondia-se atrás de montes de feno, tomava atalhos e escapava novamente.E quando finalmente seus olhos obscurecidos conseguiram alcançar tal figura, tamanho foi seu desespero, porque tudo o que via era um borrão...Correndo para longe de si.
Ainda seguindo a misteriosa figura desconhecida, impossível de se definir, tomada por desespero crescente pela sua visão débil, saiu para a estrada principal, tomando o rumo do ser de identidade ignorada que lhe evitava.Em passos apressados, pôs-se a descer a estrada, e de acordo com que o fazia, gradativamente sua visão ia clareando, e sua expectativa pela perspectiva de finalmente identificar o rosto daquele vulto fujão crescendo.
Um abismo.Um rio.Uma ponte de madeira velha.Quebrada.O desespero, por perceber que de algum modo, o objeto de sua caçada havia atravessado e lhe deixado para trás, inquirindo-se sobre a identidade daquele ser desconhecido que viria a lhe atormentar todas as noites até que conseguisse desvendar seus mistérios oníricos.

Every night...every day...every year...for a long, long time..