domingo, 22 de março de 2009

As mudanças...eu costumava odiá-las

Eu nunca gostei muito de mudanças.Não quando as coisas estão bem.Eventualmente as mudanças acabam melhorando algumas situações, mas eu sempre me considerei inimiga da maioria delas.Entendo a necessidade de não se ficar congelado no tempo, mas isso não quer dizer que eu goste de todas as situações novas que ocorrem.

Pra que esse discurso todo sobre mudanças?
Bom, há uma "banda", que junto de Evanescence, junto de "Hanson", junto de "Foo Fighters" e outras bandinhas não tão aclamadas, marcou minha adolescência. Eu disse "há"? Deixem-me corrigir o verbo, o certo é "havia".

Por volta de 2002, enquanto na sétima série e com 13 anos, eu descobria o som de "Tatu". Não era uma "banda" de Rock como as outras que eu ouvia. sequer era uma banda, mas sim um duo. A primeira música que ouvi, um remix estranho, me fez achar a voz das moças irritante demais. Mal eu sabia que era apenas um remix. Tempos depois, ouvindo músicas originais, percebi a beleza daquelas vozes.Mas não era uma dupla normal.Era uma dupla russa, fato que me conquistou mais ainda, devido a exoticidade daquela língua, como um desafio ao mercado sonoro americano.O sotaque forte, a força fonética daquelas palavras.A voz suave de Lena Katina e os agudos de Yulia Volkova...A morena e a ruivinha envoltas em polêmicas constantes que de alguma forma contribuíram para firmar a dupla na mídia...Aquelas composições russas...estranhas...psicológicas.Psicodélicas.Eu estive "exposta" a isso dos 13 aos 20 anos.Com períodos de idas e voltas, é claro. Tatu era de certa forma sinônimo de polêmica. Mas eu não estava nem aí para a polêmica que envolvia a sexualidade das meninas...desde que eu continuasse podendo escutar os acordes de Ya Tvoya Ne Pervaja, 30 minut, Nas ne dogonjat e aquilo continuasse fazendo parte da trilha sonora da minha adolescência,
Era de praxe a cada pelo menos 6 mezes sairem escândalos sobre os 300 "namorados" que elas arrumavam, sobre o fim da dupla, a briga das integrantes, os problemas de saúde e gravidez de Yulia.A gravidez dela e o fato delas desmentirem o suposto envolvimento que tinham foi provavelmente a maior bomba do Tatuverse que os fãs presenciaram.A confirmação de que Yulia estava realmente grávida.E toda uma palhaçada mostrada num reality show que eu nunca assisti.
Parte dos fãs resistiram a isso.Alguns com muita luta.Outros porque simplesmente não se importavam. Estivesse eu em que parcela estivesse, eu continuava apreciando aquelas músicas.Eu continuava crescendo ao som daquelas músicas.Eram tantos tablóides que traziam como manchete o "FIM DE TATU" que isso se tornou algo mitológico. Sempre era mentira, e a mentira apareceu tantas vezes, que se tornou algo que parecia que nunca ia acontecer.Como o ragnarok que os nórdicos sempre esperaram mas nunca ocorreu.Mas aconteceu.Aconteceu nesse ano de 2009.
Verdade?Ao que parece sim.Mas difícil de acreditar.
Quatro anos atrás, Yulia e Lena estavam no Brasil promovendo Dangerous and Moving, que trazia um "novo Tatu" à mídia.Dando um chute no empresário polemizador, pai de Tatu "Ivan" e mudando de gravadora, as meninas vieram mais maduras, com vozes mais trabalhadas e músicas mais "pesadas".
Apesar do amadurecimento, havia o claro fato de que Tatu havia mudado, e deuses, por mais que muitos odiassem, Shapovalov fazia faltas ás vezes, principalmente na hora que os novos videoclipes eram lançados.Mas era necessária a mudança.Yulia e Lena não eram mais adolescentes inconsequentes com vozes finas. Elas nao podiam mais agir como adolescentes.Elas haviam crescido e nós fãs também.Dos 13 aos 15 anos, Tatu foi ao lado de Evanescence, meus artistas favoritos, dos quais eu acompanhava a maioria das notícias. Depois disso eu me distanciei, mas nunca deixei de escutar aquele pop de batidas eletrônicas e letras estranhas, mas tocantes.Eu amei a era Dangerous and Moving/Ludi Invalidi, mas eu lembrava com saudosismo dos agudos ensurdecedores de Yulia em Not Gonna Get Us.
Depois disso, como sempre, muita coisa aconteceu.Filhos, problemas, projetos.E os cds novos que nunca saíam.
Até que depois de muito atraso, no fim de 2008 sai o Happy Smiles e nós pensamos, "Yay, elas estão de volta!". Mas aí tinha o outro cd que não era lançado nunca....a versão em inglês.Todos desesperados.."Onde está o cd"?Chega 2009 e nada..."Será que nunca será lançado".Ansiedade.Desespero.Tão ironicamente quanto a capa, o que se via nos fãs não eram "Happy Smiles"...E então a bomba.O que parecia tão longe ( e ao mesmo tempo tão perto ) de acontecer. Tatu acabou."Como?!Não pode?!Tem que ser mais um boato do tabloideco do The Sun, esses filhos da mãe". Mas o The Sun não tinha culpa.Alguém tinha culpa?Elas..."cresceram". O Tatu de hoje, não era o Tatu que nos conquistou no começo dessa década, mas tinha tudo pra ficar sempre MELHOR.Ia completar 10 anos de carreira, dar na cara de muita gente que havia dito que era apenas uma duplinha qualquer de momento.Mas...the end has come.
"O sonho acabou".Essa frase, mais do que nunca tem um gosto amargo.
Fico triste em saber que finalmente o dia que pareceu nunca "chegar de verdade", chegou. Mas fico mais triste ainda por aqueles fãs, que acompanhavam tudo de perto, coisa que eu não fazia mais. Não teremos mais aquelas duas vozes se completando harmoniosamente num palco, mas "tudo que elas disseram, continuará passando por nossas cabeças".

sábado, 21 de março de 2009

- Você não é do tipo que aceita a derrota, não é? Desde que te conheço você simplesmente vence em tudo, e como se não bastasse, com notas boas. Escola, vestibular, testes de proficiência, testes de suficiência, testes de direção... Queria ter essa garra,
-Eu acho que é a derrota que não me aceita.


Mas aquele grito e aquele aceno, mandando eu arrasar, fizeram a diferença. Friends...they help us to face the defeat and kick its butt.

segunda-feira, 16 de março de 2009

A Magia do Entardecer.

Alguns meses atrás eu estava assistindo um episódio de The L Word, onde a personagem Tasha, recém demitida da carreira militar estava sentada num sofá em completo silêncio e solidão, olhando para o nada. A personagem Alice chega em seguida e pergunta o que ela está fazendo.
-Estou sentindo como é as 6 da tarde.Eu sempre estava no batalhão essa hora.

A cena se dava na Los Angeles barulhenta, o sol se pondo, tingindo de alaranjado o ambiente externo em que elas estavam.
Banal, sem dúvidas. Mas essa cena de alguma forma me fez refletir, sobre quanto tempo fazia que EU não sentia o entardecer.E perceber isso, me trouxe uma certa tristeza...uma certa nostalgia...uma certa melancolia, por estar perdendo algo tão precioso.
O entardecer, o crepúsculo, é uma coisa linda. E você não precisa estar lá fora, sentado numa montanha - ou no banco de uma praça, se você for uma pessoa normal - vendo o sol se por para achar isso lindo.
Faça um teste.Um dia, entre 6 e 7 da tarde sente-se em silêncio.Feche os olhos, e escute os sons. Não apenas os sons mas o que está por trás deles.
Ouça o barulho do entardecer.Respire fundo e sinta o mundo em movimento à sua volta.
Você pode achar bobagem.
Você pode achar banal.
Porque a nossa vida não nos permite esse luxo.

Antes de eu começar a estudar a noite e trabalhar, eu não havia parado para dar valor a esse momento do dia.
O dia passava tão rápido. Normalmente as 6 eu estava terminando de assistir meu episódio diário de Xena Warrior Princess e depois ia me fechar no quarto e escrever. A noite chegava e o dia acabava... era uma rotina sem preocupações, sem correria, sem stress.
Eu tinha toda a oportunidade SENTIR o entardecer, mas nunca o fazia.

Hoje, eu saio do trabalho as 18:30.Tenho que chegar em casa em 10 minutos, pegar meu material e socar comida goela abaixo em no máximo 10 minutos e ir pra faculdade, trajeto qe demora mais 10 minutos. Essas malditas parcelas de 10 minutos contados...tudo cronometrado com precisão científica.O entardecer?Ele está lá fora.Mas eu não posso apreciá-lo, porque a minha rotina alucinante não permite que eu o SINTA. Quando chego na faculdade a noite já chegou. E o meu amado crepúsculo, o meu amado por do sol, os meus amados sons das 6 da tarde já passaram.

Hoje, dou valor a cada dia que não tenho aula na faculdade.
Dou o valor de sentar-me em meu quarto, perto da janela, fechar os olhos e escutar.Sentir o sol se apagando. Dar as boas vindas à noite.
Escutar o ritmo alucinado dos carros, das pessoas saindo do trabalho. Escutar a criança chorando na vizinhança.Escutar a tv do vizinho ligada alta.Escutar o cachorro latindo na rua de trás. Escutar os pássaros fazendo uma gritaria disputando uma árvore para dormir. Escutar o som da bola batendo, das crianças brincando.

E então eu me pergunto, por que deixamos passar algo tão precioso?Maldita rotina da vida moderna.