sexta-feira, 2 de abril de 2010

Comédias da vida cotidiana. - A mulher do porungo

Antes de começar esse post, é necessário que todos saibam o que é um porungo. Se vocês não tiveram a sorte de serem pessoas em contato o suficiente com a natureza, eu lhes explico.
Porungos os frutos usados para fazer as cuias de chimarrão ou outras vasilhas, normalmente usadas pelos índios.

São mais ou menos do formato de uma abóbora, mas são ocos, contendo somente sementes dentro.



O caso é que minha vizinha de fundo de quintal, tem um desses pendurado numa árvore do quintal dela e ao contrário do uso usual do mesmo, ela achou outra utilidade pra seu porungo:
Com a superstição de que se rezar ou acender velas dentro de casa, chamará os espíritos em busca de luz pra dentro, deixou de fazê-lo para então rezar e acender velas...no quintal.Dentro do porungo.

Logo, todo fim de tarde, lá está dona L. rezando no seu porungo.
Claro, que eu não fui eu quem descobriu isso, já que todo fim de tarde, eu estou me matando de correr pra faculdade, mas a diarista que trabalha aqui em casa, bate altos papos com dona L. por cima do muro, e coletando tais informações "preciosas" alegremente me contou.

Nada contra a crença de minha vizinha de que rezar no porungo é melhor do que rezar na casa...o problema é que meu quintal sendo aberto de um lado, frequentemente é invadido por alguns animaizinhos simpáticos, como cachorros do outro vizinho, gatos vagabundos, gambás, cachorros-do-mato ou mesmo lagartos. Isso leva os meus queridos cachorros que ficam do outro lado do pátio a latirem loucamente, o que por consequência faz meu pai ficar bacante da vida.

Para acabar com essa latição toda, a alternativa que ele encontrou foi espantar os bichos do quintal, e para tanto, comprou um estoque de bombinhas de pólvora, que embora inofensivas, causam uma explosão medonha de barulhenta.

Eis que certa noite, cansado dos latidos, papito foi até o quintal, acendeu uma bombinha e jogou entre as arvores pra fazer aqueles gatos no cio sumirem de lá. Os gatos saíram em disparada, mas para surpresa de meu pai, do outro lado do muro, saiu também em disparada a mulher que no momento rezava no porungo, que segundo ele devia ter corrido casa adentro dando pulos de quatro metros por causa do susto.

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